A Plataforma Nacional de Autorrepresentantes (PNAR) em Portugal é uma iniciativa que visa dar voz e puder às pessoas com deficiência, permitindo-lhes participar, ativamente, na defesa dos seus direitos e na tomada de decisões que afetam as suas vidas. A criação da PNAR é um marco significativo no movimento de autorrepresentação em Portugal.
Os grupos de autorrepresentação para pessoas com deficiência em Portugal desempenham um papel fundamental em várias dimensões, contribuindo para o empoderamento dos indivíduos, a defesa dos seus direitos e a promoção da inclusão social.
No concelho de Vila Nova de Famalicão…
Em 2022, em Vila Nova de Famalicão, foi criado um grupo de autorrepresentantes (GAR) composto por algumas Instituições do conselho. O Centro Social Paroquial de Ribeirão, representado pela Casa Santa Maria, ingressou neste grupo, em 2024.
Neste momento, do grupo de autorrepresentantes concelhio fazem parte as seguintes Instituições: Ave Cooperativa Intervenção Psico-Social (ACIP); Associação Famalicense de Prevenção e Apoio à Deficiência (AFPAD); Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM VNF); Associação Teatro Construção (ATC); Centro Social Bairro (CSB); Centro Social da Paróquia de Landim (CSPL).
Na Casa Santa Maria – O grupo de autorrepresentação
Foi realizada uma assembleia com os utentes de Lar Residencial (LR) e Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) do qual surgiram alguns interessados em envolver-se neste mundo da autorrepresentação. Posteriormente, deste grupo, foram selecionados entre si, os elementos que seriam capazes de dar voz às necessidades de todos.
Mensalmente e com o apoio dos técnicos/ facilitadores* das diferentes Instituições, fazem-se reuniões onde se discutem as necessidades, desafios e objetivos comuns.
Internamente, os utentes trabalham os temas selecionados para mais tarde serem discutidos com toda a equipa. Debatem-se assuntos com o intuito de sensibilizar e sugerir mudanças que causem impacto nas suas vidas.
Ao longo deste ano fomos explorando alguns pilares da inclusão social como a Capacitação e Autorrepresentação e demos a conhecer aos nossos autorrepresentantes a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (leitura fácil) incentivando à sua exploração.
Os assuntos discutidos no GAR da CSM começaram por ser preocupações quotidianas, pequenas mudanças que os AR consideravam fundamentais para o melhor funcionamento dentro da instituição, como a existência de um menu especial no aniversário, contudo progressivamente, começaram a estender-se a assuntos mais transversais e respeitantes a todos (cf. “Objetivos/sonhos do GAR da CSM”). O objetivo será estender este olhar ao lugar de todos e de cada um na comunidade.
A autorrepresentação é uma ferramenta crucial para promover a autonomia e a participação ativa das pessoas com deficiência na sociedade. No entanto, para que seja efetiva, é essencial abordar as barreiras estruturais, fornecer o suporte necessário e combater a discriminação. Somente assim será possível garantir que todas as pessoas com deficiência tenham a oportunidade de exercer plenamente o seu direito à autorrepresentação, ajudando a construir uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.
Autorrepresentação: “é o processo pelo qual as pessoas com deficiência e incapacidade ganham poder através da aquisição de competências adequadas e do apoio de pessoas de apoio. A autorrepresentação capacita as pessoas com deficiência para se representarem a elas mesmas, poderem escolher e controlar as suas próprias vidas”. (Disabled Peoples Internacional – Comité da EU).
Capacitação: refere-se ao processo de obtenção de oportunidades elementares para as pessoas com deficiência e incapacidade, diretamente por parte dos próprios ou indiretamente através do apoio de terceiros. Refere-se igualmente ao desenvolvimento dos clientes no sentido de rejeitarem ativamente as tentativas de limitação de acesso a tais oportunidades. A capacitação inclui ainda o encorajamento e o desenvolvimento de competências relacionais, pessoais e sociais.
Pretendemos continuar a ser facilitadores deste mundo que é a autorrepresentação!
“As pessoas são livres para fazerem as suas escolhas” (Convenção das Nações Unidas sobre os direitos das Pessoas com Deficiência)
* Facilitadores: todos os elementos que podem contribuir ativamente no processo de autorepresentação e capacitação. Desempenham um papel importante os técnicos que costumam preparar e mediar as reuniões, mas também a Organização/Instituição, que deverá assumir um papel de facilitadora capaz de empoderar os utentes.
Objetivos/sonhos do grupo de autorrepresentantes (GAR) da Casa Santa Maria:
- Provar que não somos coitadinhos;
- decidir o que gostamos e como gostamos de comer;
- deixar de ouvir frases como: “Estamos na casa certa”.
- Ter uma palavra a dizer nos cuidados que nos são prestados.
- Poder personalizar os nossos espaços.
- Possibilitar ao aniversariante a escolha do menu nesse dia fazendo-o sentir-se especial.
Testemunhos com o grupo de autorrepresentação…
Catarina
Percebi que devemos ter respeito pelas pessoas com deficiência.
Carlos
Senti sempre carinho e amizade.
Fábio R.
Sinto-me mais desenvolvido.
Hélder
Percebi que podemos ter acesso à justiça.
Conceição
Ganhei confiança, mais segurança com as pessoa
Nuno
Conheci e convivi com autorrepresentantes de outras Instituições
Rui Silva
Ganhei confiança em dar opiniões em relação ao bem-estar dos utentes.
Rui A.
Falei sobre a importância da adaptação das ruas para as pessoas que andam de cadeira de rodas.
Rodrigo
Senti-me confortável no grupo.
Olga
Senti-me mais confiante em mim própria.
“O grupo de autorrepresentação espera com o tempo conseguir melhorar algumas atitudes das pessoas para com a pessoa com deficiência. Como por exemplo: Discriminação, Respeito, Acessibilidades e Igualdade de Oportunidades”. (GAR CSM 2024)
ANA BAGUIM
Fisioterapeuta
DIANA SOUSA
Psicóloga
JOSÉ OLIVEIRA
Engenheiro Agrónomo




