Uma questão que se deve levar à reflexão diária das crianças e adolescentes, deve-se ao facto de muitas vezes o uso da internet conduzir à irrealidade, descredibilidade e, acima de tudo, o retirar de forma rotineira o contacto real com o outro.
A internet, redes sociais, videojogos têm consumido demasiado tempo das crianças e adolescentes. É necessário parar, pensar e perceber que existe realmente uma necessidade de dosear o uso das tecnologias
Deve-se questionar a internet, porque questionar faz parte do processo cognitivo e do desenvolvimento do ser na infância, na adolescência e fase adulta. O ser humano tem a capacidade de questionar e, assim, crescer enquanto indivíduo e espécie.
O cérebro fortalece e molda informações antigas com novas, é a capacidade de melhorar com todas as informações que são oferecidas, quer pelo meio tecnológico, pelo meio natural e da relação com o outro. A moderação no uso da internet é necessária pois “é tão prejudicial, em grande parte porque o nosso cérebro não está adaptado à fúria digital que o atinge. Para se construir, precisa de temperança sensorial, presença humana, atividade física, sono e uma dieta cognitiva favorável.” (Michel Desmurget, pág 293)
Questionar significa procurar mais respostas. Questionar e refletir é uma atitude que leva a mudanças nas características de quem se é, e como se posiciona perante o mundo que nos rodeia. É um treino desafiante e habitual que a mente deve praticar para evoluir, para resolver, para entender.
Na formação do indivíduo, enquanto um ser analítico e crítico é necessário exercitar a mente para este processo. A criança ou adolescente deve possuir a capacidade de modelar os seus conhecimentos e, assim, posicionar-se perante o mundo e tornar-se uma pessoa autêntica.
O papel do adulto neste sentido é o de fornecer ferramentas para a criança ou adolescente atuar e argumentar. Levá-los a argumentar, fazer questões pertinentes e até situações que acontecem por acaso. É importante praticarem muito a argumentação, para que com o treino se sintam mais à vontade para demonstrar o seu ponto de vista e, desta, forma se sentirem capacitados e mais seguros para não caírem em alguns perigos da internet.
A internet oferece imenso conhecimento, é uma partilha de conhecimento entre muitos. Atualmente é raro não existir uma conexão internáutica em cada casa, mas deve ser questionada. Não se deve aceitar como certo e verdadeiro tudo o que é “oferecido” pela internet; deve-se projetar a mente para a veracidade e para a realidade.
A internet veio para “ajudar” a vida do ser humano, mas tem os seus perigos. Perigos esses que a criança e adolescente deve estar capacitada para pensar, questionar. Acima de tudo estar preparado e capacitado mentalmente para enfrentar os seus perigos.
Alguns perigos da internet
- As “fake-news”, carregadas de desinformação estão presentes e a sociedade acredita sem pesquisar, sem procurar informação verdadeira, daí a necessidade de educar para se tornarem cidadãos críticos, terem liberdade e autenticidade intelectual, formarem uma mentalidade madura e capaz, intelectualmente, para discutir ideias. A internet oferece ao público, “uma carência singular de rigor e fiabilidade. Submetidos a imperativos de produtividade inacreditáveis, muitos jornalistas não têm tempo para aprofundar o suficiente a sua compreensão do assunto”. (Michel Desmurget, pág 293)
- Falta de privacidade. Muitas das informações que são partilhadas nas redes sociais, na internet ou até pesquisadas são “trabalhadas” por indivíduos e algoritmos. O objetivo é fazer o indivíduo visualizar vídeos de interesse comercial para vender, fazer com que o indivíduo se mova na internet conforme os interesses da máquina, fazer o indivíduo agir como que uma “marioneta”.
- Golpes virtuais, o “phishing” que se baseia no envio de emails para roubar dados pessoais ou infetar dispositivos tecnológicos, para usarem fotos ou vídeos que muitas vezes não são reais, para extorquir dinheiro e fazer intimidações.
- A vulnerabilidade de quem navega na internet, a rapidez apanha muitos navegadores, leva a doenças mentais, à depressão, ao suicídio… O uso excessivo das redes sociais leva ao rápido clique de partilha de informações, de fotografias que depois de estarem “postadas” dificilmente se consegue retirar. “O consumo digital recreativo da geração mais jovem não é apenas «excessivo» ou «exagerado»; é extravagante e fora do controlo.” (Michel Desmurget, pág 293)
- O “doxing”, a prática virtual que pode ser utilizada para pesquisa e transmissão de dados pessoais e privados tanto para um cibercrime ou para questões legais ou jurídicas.
- O “cyberbulling”, o assédio virtual que provoca feridas incalculáveis e atinge uma extensão de pessoas que podem assistir e muitas vezes nada fazem, com receio que se vire contra eles esta maldade de querer fazer o outro sofrer, só porque sim, só porque a oportunidade está à distância de um clique.
Alguns perigos da internet para crianças e adolescentes
- O Assédio virtual ou o “cyberbulling”. Por vezes os pares usam as redes sociais para propagar mensagens maliciosas que são constrangedoras para um alvo em questão. Desta forma, a velocidade com que se transmite este ódio é propagante e leva as vítimas a sofrer muitas vezes em silêncio, tomam proporções gigantescas. Muitas vezes filmam a vítima a ser alvo de maus tratos físicos e persistem muitas vezes em partilhar esse vídeo, é um estado solitário e imensamente doloroso para a vítima.
- Permitindo a exposição aos conteúdos inadequados, a internet facilita a informação que se quer publicar. Quando o uso da internet não é controlado, os jovens podem facilmente ter acesso a conteúdos inade-quados para a sua idade, com conteúdos de terror, violentos, sexuais e até assistirem a discursos de ódio ou terror.
- O “Grooming”, um termo usado para práticas de adultos que querem ganhar a confiança de crianças ou adolescentes e com más finalidades. Fingem ser da mesma idade, oferecem presentes, querem chamar a sua atenção para posteriormente os manipularem ou fazerem chantagem emocional, sexual, entre outras de cariz maldoso.
- A “Sextorsão”, deriva da palavra sexo e extorsão. Existem indivíduos que fazem chantagem e ameaçam expor imagens, vídeos ou mensagens de conteúdos sexuais da vítima. O objetivo é extorquir e forçar a vítima a ter relações sexuais com o indivíduo.
É essencial assumir que as tecnologias vieram “ajudar”, mas é necessário ter noção de que todos estes perigos existem e que se deve estar cauteloso quanto ao seu uso. O consumo digital “está a prejudicar seriamente o desenvolvimento intelectual, emocional e a saúde da nossa descendência.” (Michel Desmurget, pág 293)
É preciso parar e pensar:
passar mais tempo com a família, conhecer melhor os amigos e familiares, saber mais acerca deles, pois muitas vezes conhecem melhor uma figura pública, gostos ou passatempos e não conhecem o familiar ou amigo.
“A velocidade com que vivemos não nos deve impedir de Viver realmente.” (José Tolentino Mendonça)
Bibliografia:
Desmurget, Michel (2020). A Fábrica de Cretinos Digitais: Os perigos dos ecrãs para os nossos filhos; Webgrafia: https://nordvpn.com/ptbr/blog/perigos-da-internet/https://www.citador.pt/textos/o-aqui-e-o-agora-jose-to- lentino-mendonca
CARLA OLIVEIRA
Técnica Superior de Educação




